segunda-feira, 29 de março de 2010

god's away



O meu último post fez-me lembrar deste senhor

I'd sell your heart to the junkman baby
For a buck, for a buck
If you're looking for someone
To pull you out of that ditch
You're out of luck, you're out of luck

The ship is sinking
The ship is sinking
The ship is sinking
There's leak, there's leak,
In the boiler room
The poor, the lame, the blind
Who are the ones that we kept in charge?
Killers, thieves, and lawyers

God's away, God's away,
God's away on Business. Business.
God's away, God's away,
God's away on Business. Business.

Digging up the dead with
A shovel and a pick
It's a job, it's a job
Bloody moon rising with
A plague and a flood
Jain the mob, jain the mob
It's all over, it's all over, it's all over
There's a lick, there's a lick,
In the boiler room
The poor, the lame, the blind
Who are the ones that we kept in charge?
Killers, thieves, and lawyers
God's away, God's away, God's away
On Business. Business.
God's away, God's away,
On Business. Business.

Goddamn ther's always such
A big temptation
To be good, To be good
Tere's always free cheddar in
A mousetrap, baby
It's a deal, it's a deal
God's away, God's away, God's away
On Business. Business.
God's away, God's away, God's away
On Business. Business.
I narrow my eyes like a coin slot baby,
Let her ring, let her ring
God's away, God's away,
God's away on Business.
Business...

As revelações

tirei de molho e sequei a catequese. Depois fiz um chá perfumado.

As revelações

Não fosse
ter-me ensinado ateu
do Deus que sou,
não professava outros,
tantos e tão poucos.

Eu que vi as Revelações
- que as há –
que as li e não compreendi.
Por aqui fiquei,
À procura do Deus-dará.

Eis o anjo renitente
com queixinhas nubladas
e mudo de cansaço.

Conheço o riso do morto
e a fúria do abraço.
Só não mos peçam para mostrar.

quinta-feira, 18 de março de 2010

do istrangeiro

É chiquérrimo postar Bukowski. Gosto muito do Bluebird, mas este poema tem o nome (ao contrário é que é) de um álbum jeitoso do richard ashcroft.

Alone With Everybody

the flesh covers the bone
and they put a mind
in there and
sometimes a soul,
and the women break
vases against the walls
and the men drink too
much
and nobody finds the
one
but keep
looking
crawling in and out
of beds.
flesh covers
the bone and the
flesh searches
for more than
flesh.

there's no chance
at all:
we are all trapped
by a singular
fate.

nobody ever finds
the one.

the city dumps fill
the junkyards fill
the madhouses fill
the hospitals fill
the graveyards fill

nothing else
fills.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Celacanto 2




Dia 18 de Março, ás 18 Horas, vai ser apresentado a 2ª edição do Celacanto no Museu Nacional de História Natural. Esta edição tem como objectivo angariar fundos para a protecção do Lobo-Ibérico e conta com o apoio do Grupo Lobo.
Este que vos fala (ou escreve, dependendo da semântica de cada um) participou com um pequeno conto infantil na referida edição.
Se conseguirem comprar um dos livros (pela módica quantia de 5€) além de ajudarem a natureza estarão a contribuir para a minha felicidade.
E todos sabem que a minha felicidade torna as pessoas mais belas e sensuais.
Se não comprarem é porque são pessoas feias, desdentadas e com pouca higiene genital.
E além disso gostam de Kizomba!



Kizomba...Brrrrrr...

A marca de Ronaldo




O presidente do Valladolid afirmou hoje que as feridas exibidas por Cristiano Ronaldo não foram produzidas pela entrada de Nivaldo (jogador do Valladolid) e posteriormente sugeriu que as marcas na perna foram auto-infligidas pelo próprio jogador.
A única conclusão que podemos tirar de tudo isto é que...









O CRISTIANO RONALDO É EMO!!!

sexta-feira, 12 de março de 2010

quase caso

Todos os dias estavam no café. Onde mais poderiam ter uma paixão olhada, como se estivessem apenas a passar tempo um diante do outro?
Ela tinha começado a lá ir porque durante uma semana não tivera televisão e não conseguiria suportar a tarde se não visse o programa das três.
Ele vira-a lá nessa semana e quando deu por si tinha passado um quarto de hora sem tocar no café.
Já com a televisão arranjada, ela continuou a ir ao café. Ficava sempre na mesma mesa, à sombra mas a ver a rua.
Ele mudou a hora de almoço, no trabalho, para poder estar em paz no café, a tentar olhar para ela com o máximo de discrição que o sol a bater na cara permite.
Quase nunca diziam nada um ao outro, até porque sempre que diziam algo, parecia-lhes que o outro reagia com uma cara estranha, à qual faziam eles próprios uma cara triste e incomodada que induzia o outro em erro.
Moeram tanto discurso que se tornavam um pouco azedos no resto da tarde, mas nunca, nunca interpelaram o outro a sério. Ela ficava sempre na sombra, a fingir que ainda ligava à televisão, colocada num suporte por cima dele. Por vezes arranjava as unhas enquanto esperava uma abordagem dele. E ele lá continuava, por vezes com caretas muito estranhas mas recusando-se a mudar de mesa.
Demorou muito café, mas entenderam que nunca iam chegar um ao outro. Ela desistiu por uns tempos de ser infiel ao marido. Ele recebeu o óbvio diagnóstico de um minúsculo cancro da pele na bochecha, onde apanhou todo aquele sol das três da tarde.

Ascensão, Apogeu e Queda de uma Gripe


Surge hoje uma notícia que informa a mortalidade infligida pelo vírus H1N1 (mais conhecido por "Gripe A").
O número é matulão, e corresponde a quase 17 mil pessoas.
Isso mesmo.
Corresponde praticamente à lotação de 4 concertos do Michael Carreira no Coliseu dos Recreios. A diferença reside no facto de que o vírus é mais saudável e pode ser controlado.
Desde que a epidemia foi revelada pelos media, o burburinho da polémica e do pânico foi aos poucos assolando a opinião pública.
Primeiro foram os tratadores de porcos que se insurgiram com o nome inicial da pandemia (Gripe Suína), pois consideravam que este era pejorativo para a indústria da suinocultura.
Isso tirou logo alguma piada, uma vez que impossibilitou alguns trocadilhos como "vai tudo com os porcos" ou "aquele está quase a esticar o pernil"...
Depois foi o pânico pela falta de Tamiflu.
Não havia Tamiflu suficiente.
E deus sabe a falta que o Tamiflu faz a um homem.
O meu bisavô tomava a versão xarope todos os dias com a sopa de cavalo cansado e isso ajudou-o a ultrapassar a II Guerra Mundial sem um arranhão.
Mas recentemente a Gripe A começou a entrar em declínio...
Talvez devido a má publicidade ou incompetência dos seus agentes, era cada vez menos habitual a sua presença nos noticiários e nas primeiras páginas dos jornais.
A H1N1 acabou por sofrer um golpe rude no mundo do estrelato enquanto as "Fashion Victims" dirigiam a sua parca atenção para novas tragédias mundiais.
Por cá ficam as saudades, de um tempo em que espirrar no metro causava mais pânico do que andar com uma G-3 a tiracolo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

COMEÇAR




Nada é mais assustador do que uma folha em branco.
É um vazio desesperante que parece indicar o começo de uma tarefa hercúlea. E embora a missão de preencher esse vazio possa ser gratificante, os passos dados são por vezes hesitantes, cautelosos, como quem pede "com licença" antes de entrar na casa de desconhecidos.
Qualquer indivíduo que pretenda criar algo, tem tendência a visualizar o produto acabado em um corpo inerte. O escritor encara a folha em branco, o pintor a tela vazia, o escultor o bloco em estado bruto, o carpinteiro a madeira por limpar, e assim continuamente...
Transformar a nossa intenção criadora em uma força criadora exige esforço, paciência, dedicação. Transpor a ideia para a concretização material é uma combinação entre a desesperança e (paradoxalmente) a fé. E com esses valores, vamos aperfeiçoando a técnica, preenchendo lacunas que anteriormente pareciam tão inacessíveis.
A folha começa a ser preenchida, a tela completa, o bloco lapidado, a madeira limpa, e assim continuamente...
São estes confrontos entre o presente e o porvir que albergam toda a condição do ser humano.
A morte é uma certeza. E uma vez que a morte está relacionada com o vazio, a melhor forma que temos de combater esse vácuo é utilizando a criação.
É por isso que nada é mais assustador do que uma folha em branco. Esta representa que nada existe para dizer, nada existe para fazer, nada existe para viver.
É como um silêncio desconfortável entre dois estranhos, que embora dure apenas alguns segundos, sentimos um aperto como se fosse uma eternidade.
Uma eternidade débil e adormecida.
É por isso que criamos, é por isso que gritamos, que choramos, que amamos. Tudo isso de forma a lutar contra os "espaços em branco" da nossa vida.
Sei que provavelmente esta não é a forma mais ortodoxa de começar uma crónica...
Mas pelo menos a folha já não está em branco.

quarta-feira, 10 de março de 2010

rescaldo dos óscares

Pela primeira vez, vi os óscares do princípio ao fim (mas com muito zapping plo meio, não me julguem mentecapto), e foi uma desilusão.
30 000 horas de emissão, sem quase ver o steve Martin e Alec Baldwin, que estiveram bem apagadiços, talvez pelo pouco tempo de antena. Excepções foram os olhares entre o baldwin e o clooney e a entrega do prémio por Tina Fey e Robert Downey jr.

A meio comecei a desesperar, o meu organismo a revoltar-se, mas decidi (triste mas conformado), que se vira a entrega de todos os prémios chatos e dos quais ninguém quer saber, ia ver os big ones (e eu nem vi nenhum dos filmes nomeados! Vou começar numa espiral que acabará no visionamento dos globos de Ouro portugueses!)

O que mais me impressionou foi a Meryl Streep já ter sido nomeada 16 vezes e ganho duas! Ela pode estar um ano de férias, ser captada no vídeo do baptizado de um sobrinho E SER NOMEADA.

E a Sandra Bullock ganhou. A. Sandra. Bullock. Ganhou. Aí foi quando senti o vómito na boca e tive de me dar estaladinhas para sair do choque.

1 dois 3 experiência

O entusiasmo pela inauguração deste blog veio um bocado retardado. É comó vejete, já não responde ao desejo como dantes. Vamos lá pôr este show na road.


O RIO

Foi há tanto tempo, eu sei,
ainda deus fecundava as terras.
Não houve vivalma a notar
que rebentaram as águas às pedras.

Esse fio correu escorreito,
fundou pé a pé o caminho.
De papo para o ar no leito,
descansa com as estrelas, sozinho.

(Tanta margem para dúvidas:
Se me espalho ao comprido…
Se arrisco e saio orgulhoso
Da frescura do tecido?)

Alçado,
por pontes às costas.
Engole o passado
no soluço das ondas
(pirolitos dos que lá ficaram,
às postas).

Essa água,
que amadurece com o sal
no poente do rio,
contagiada de viagens…
E nós velhos de o ver correr.

Enfim sobe aos céus,
quando a vida se evapora,
para de novo adubar
a faina e a flora.